27 de setembro de 2006

A eleição está aí

O texto abaixo é creditado ao Arnaldo Jabor. Não tenho certeza - não encontrei na web nada que provasse além do clipping de notícias do Ministério do Planejamento (o sistema de cadastramento no site de O Globo é muito chato, pede CPF, endereço completo, etc). Pode ser que seja de um dos seus muitos clones, como ele mesmo contou à Trip, mas publico mesmo assim.

A verdade está na cara, mas não se impõe
O Globo - 25/4/2006

O que foi que nos aconteceu? No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, “explicáveis” demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas. Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação inédita na História brasileira.

Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada, broxa.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes , as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Este governo é psicopata.

Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão na bunda. A verdade se encolhe, humilhada, num canto.

E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de “povo”, consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações “falsas”, sua condição de cúmplice e comandante em “vítima”. E a população ignorante engole tudo.

Como é possível isso? Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados — nos comunica o STF. Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização. Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo. Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito...

Está havendo uma desmoralização do pensamento. Deprimo-me: “Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?”. A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo . A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada — só valem as versões, as manipulações.

No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política.

Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República. São verdades cristalinas, com sol a pino. E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de “gafe”. Lulo-petistas clamam: “Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT? Como ousaram ser honestos?”.

Sempre que a verdade eclode, reagem. Quando um juiz condena rápido, é chamado de “exibicionista”. Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de “finesse” do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando...

Mas agora é diferente. As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para coonestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte. Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo. Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em “a favor” do povo e “contra”, recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual. Teremos o “sim” e o “não”, teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição mundo x Brasil, nacional x internacional. A esquematização dos conceitos, o empobrecimento da linguagem visa à formação de um novo ethos político no país, que favoreça o voluntarismo e legitime o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois.

Assim como vivemos (por sorte...) há três anos sem governo algum, apenas vogando ao vento da bonança financeira mundial, só espero que a consolidação da economia brasileira resista ao cerco político-ideológico de dogmas boçais e impeça a desconstrução antidemocrática. As coisas são mais democráticas que os homens.

Alguns otimistas dizem: “Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!”. Não creio. Vamos ficar viciados na mentira corrente, vamos falar por antônimos. Ficaremos mais cínicos, mais egoístas, mais burros.

O Lula reeleito será a prova de que os delitos compensaram. A mentira será verdade, e a novi-língua estará consagrada.

22 de setembro de 2006

Sair peladona pode; transar na praia, não?

Não entendo MESMO a cabeça do pessoal de publicidade e das empresas. A GM tirou a campanha estrelada pela Cicarelli do ar - leia aqui - porque ela foi flagrada transando no mar da Espanha com o namorado - coisa que, aliás, conheço dezenas de pessoas que morrem de vontade de fazer. Outras empresas, provavelmente, devem seguir o exemplo - e a mídia está apostando pra ver quem vai ser a próxima. Só tenho lido textos que me dão a impressão que o mundo apóia o castigo moral, pela preservação dos bons costumes. Nessas horas, o mundo se esquece que as mesmas campanhas publicitárias usam e abusam de modelos e atrizes que saem peladas em revistas masculinas. Pode ser na Playboy, na Sexy e em outras bem mais baixaria. A Sabrina Sato, por exemplo, divulga a promoção da concorrente Renault. Nem vou entrar no mérito dos programas e propagandas que EXPLORAM a sensualidade e a sexualidade. Mas fica a pergunta: mostrar a xereca pode, mas transar na praia não? Dois pesos, duas medidas.

11 de setembro de 2006

O título da semana

A segunda-feira ainda nem acabou e já temos um forte candidato:

"O LADO FASHION DE SÃO PAULO ESTAMPA A NOVA CAMPANHA MUNDIAL DA MAIS FAMOSA MARCA DE CALÇA JEANS". Ahn?

Na linha fina: "A cidade aparece cada vez mais no calendário mundial da moda e dessa vez é o cenário da campanha da Levi's"

Se eu fosse a diretora de comunicação desta "famosa marca de calça jeans", mandava o autor deste release ir procurar outra coisa para fazer da vida. Ou melhor, se eu fosse a diretora de comunicação e aprovasse um título desses, podia muito bem ir fazer outra coisa da vida.

6 de setembro de 2006

Eu quero um celular novo! Mas a TIM não colabora...

Há mais de um ano tenho um problemão com meu celular, que veio com defeito na bateria e eu, para variar, não consegui levar para trocar e/ou consertar dentro do prazo estipulado (sete dias, pela operadora; sei-lá-quanto, pela fabricante). Para se ter uma idéia do drama, toda a estrutura de metal que fica em volta da dita-cuja está oxidando. Além disso, a bateria NUNCA durou mais de um dia.

Nesse tempo todo que sou cliente da TIM, apenas durante os meses em que trabalhei para a Motorola tive em mãos um aparelho bacana e bonitinho. Desde que saí de lá, estou tentando comprar outro modelo que seja bonito, tenha câmera e viva-voz decentes - ou seja, o básico. Por mais que eu faça, ainda não tive sucesso. Quando consigo falar com a TIM, e quando os sistemas da operadora estão disponíveis e operantes, não consigo ultrapassar os R$ 300 de bônus, em cima de um preço de pré-pago, para comprar um novo celular. Isso porque sou cliente pós-pago e gasto muito!

Fica inviável. O modelo que eu quero custa R$ 549 no pós-pago novo e R$ 949 no pré-pago. Se eu for comprá-lo com o tal bônus, ainda vou pagar R$ 100 a mais que novos assinantes. Acho que estou fadada a morrer com uma verdadeira bomba em mãos.

O que eu não entendo é como a operadora não faz a menor questão de fidelizar os clientes que geram receita para ela. Não entendi até hoje porque cáspeta me mandaram uma caixa de bombons quando fiz um ano de assinatura. Porque provavelmente vou trocar de operadora para pegar uma dessas vantagens para novos assinantes... e os velhos que se lixem, sempre.

Depois reclamam que só tem usuário de pré-pago no país...

E não é que a Suri existe?




É, a menina existe (só a mídia americana mesmo para especular que se tratava de uma farsa) e, ainda por cima, tem lindos olhos azuis. Pena que os pais dela são tão chatos!

A Vanity Fair com as primeiras fotos da menina chegou hoje às bancas americanas. Veja (e leia) mais em http://www.vanityfair.com/magazine/pressroom/.

4 de setembro de 2006

Queimando o filme

Chamadas de hoje no blog ValleyWag, que se dedica a contar o lado "picante" da vida no Vale do Silício (ou do silicone, como diriam alguns ;) ):
"Friday headlines: Those naughty Brazilians"
"Brazil charges Google millions for hiding accused Orkut criminals"
Clique nos títulos para ler.

Vá trabalhar, oras!!

Essa é uma história baseada em e-mails reais.

Na semana passada, alguns colegas receberam, surpresos, a seguinte mensagem - com direito a "ameacinha" - de uma das colaboradoras de uma importante coluna social publicada em um grande jornal brasileiro:

"Queridos amigos assessores,
Vocês precisam começar a pensar numa outra maneira de trabalhar a coluna.

Deste jeito não está funcionando pra nós. Só para vocês. A quantidade de notas de assessoria tem sido grande demais. Queremos notas menos comerciais, sem que tenham, obrigatoriamente, um nome de um cliente ou de uma empresa.

Vocês passam o dia todo na rua, em contato com um monte de gente bacana, com informações privilegiadasPonham a cabeça para funcionar e também enviem notas boas! Sejam "assessores da imprensa" (e não somente dos seus clientes). Daqui pra frente esta será a nossa moeda de troca.

Sejam boas fontes e não pedintes!!!!!"

...
Horas depois, uma nova mensagem:

"Queridos,
Pelo jeito muitos de vocês ficaram magoados...recebi e-mail de colegas, indignados, furiosos.
Acho que o tom ficou pesado. Não era essa a idéia. A única intenção era melhorar a qualidade das informações para os leitores."


Quando o resultado do seu trabalho depende exclusivamente das assessorias de imprensa, que são pagas para divulgar informações de seus clientes, fica bastante ridículo fazer uma exigência dessas. O que eu questiono: a tal pessoa que quer notas menos comerciais em sua coluna (que costuma publicar, inclusive, croquis de lounges de empresas em eventos, além de detalhes sobre quem os montou e com comida e bebida de quem) é quem deveria sair mais para a rua, ir conferir o que está acontecendo nos eventos, almoçar mais com fontes, enfim, trabalhar. Porque eles ficam esperando que as informações caiam no colo deles. Mais: querem publicar quem foi aonde, quem falou com quem, quem deu baixaria, quem fez conchavo e quem ficou com quem ANTES do evento acontecer. Para isso, eles precisam das informações passadas pelas assessorias de imprensa. E precisam muito! É, o mundo dos sem-noção só cresce...

Só mais um detalhe: assessor de imprensa não tem muito tempo de ficar na rua, não. Tem que ralar para caramba. Se essas colunas quiserem colocar "olheiros", "fofoqueiros" e "espiões" nas ruas, que contratem mais gente para tal. Ou não passem o dia inteiro com a bunda na cadeira esperando informações quentes e exclusivas caírem dos céus.

30 de agosto de 2006

Ainda hoje, mais revoltas

Eu nunca entendi as empresas que não colocam endereço e PABX em seus sites. Pode ser para evitar uma enxurrada de ligações - mas também afasta possíveis clientes. Fora que me cheira a um quê de picaretagem... sei lá, não confio muito não. Nem acredito que alguém vá responder ao meu e-mail rapidamente.

Agora, assessoria de imprensa que não divulga o telefone no site é imperdoável. Hello! Que empresas de comunicação mais comunicativas!!

Títulos que não deveriam existir e outras coisas...

- "YouTube introduces...".
Tá bom, será que é piada só pra gente?

- "Pesquisa aponta quelentidão no desempenho dos aplicativos gera perda de negócios". OK.

- Quem conhece alguém que já foi entrevistado pelo Datafolha põe o dedo aqui, que já vai fechar. Vale também para o Ibope.

Frase da semana:
"Pelo preço de um carro você pode ter um Jaguar. A partir de R$ 250.000".
Juro por Deus que isso está escrito em uma faixa enorme em frente à loja da Jaguar na av. Europa (depois eu coloco uma foto). Falta noção?

Por falar em noção, um anúncio para estagiário de jornalismo para uma rede de broadcast japonesa exigia o seguinte perfil: primeiro ou segundo anos, com inglês, espanhol e japonês fluentes - mas o português podia faltar, já que o próprio anunciante disse que não iria "analiZar" currículos que não preenchessem os requisitos. Um outro, para assessoria de imprensa na área musical, pedia candidatos que estivessem cursando o primeiro ano e "com pelo menos três meses de experiência". Já que é preciso começar a trabalhar na área antes mesmo de entrar para a faculdade, de repente era melhor aprovar logo de uma vez a lei que derruba a obrigatoriedade de diploma. Aliás, faculdade de jornalismo pra quê, mesmo??

25 de agosto de 2006

Mas não era do padre? (ou frade, sei lá)





Como consumidora, eu sou muito chata. Mais ainda quando me sinto enganada por algum "gênio de produto" ou "gênio do marketing" que deve achar que todo mundo é idiota. Deixa eu explicar: eu AMO o chocolate do Padre/Frade da Nestlé, aquele solúvel que é insubstituível caso você queira fazer o melhor brigadeiro do mundo. Então, imagine a minha surpresa quando cheguei ao supermercado e dei de cara com a barrona acima... fiquei sonhando com mil e uma receitas em que eu teria que derreter o meu chocolate favorito (só para constar, eu sou da turma que acha que chocolate mesmo tem que ser amargo, no máximo meio-amargo)... Só que, ao chegar em casa e abrir a barra, eu descobri que era o velho chocolate ao leite da Nestlé, só que com a cara do meu chocolate favorito. Decepção!! Não tive dúvidas: liguei para a Nestlé para reclamar. Me senti lesada, enganada, feita de trouxa (R$ 13 em um chocolate que eu nem gosto?? Podia ter comprado o Lindt 70% cacao com esse dinheiro e ficaria mais feliz). E eles nem ligaram. Agora me diga: usar uma mesma marca e identidade visual em produtos que não têm nada a ver um com o outro não deveria ser considerado crime contra o consumidor??

23 de agosto de 2006

Tenha a santa paciência

Apenas um comentário rápido: faz dois dias que uma porção de sites (sim, eu fico navegando a esmo) estão dando a manchete "Britney Spears descuida do visual durante a gravidez", ao lado de uma foto da fulana enchendo a cara de milk shake. Independente do teor das matérias, qualquer desavisado que já tenha visto uma foto da moçoila sabe que ela NUNCA cuidou do visual. Logo, isso não é notícia. Certo?

21 de agosto de 2006

Foi sem querer querendo...

Ah, quando uma imagem despretensiosa vale muito mais que uma estratégia cara de divulgação... Neste final de semana, tive um claro exemplo disso. Estava fazendo as unhas para o casamento da Juju e do Saulo e peguei um bolo de revistas para folhear. Numa delas, dessas semanais com artistas na capa, parei para ver a seção de agitos da semana (passada). Estava lá uma megafesta que uma operadora de telefonia celular e uma fabricante de celulares promoveram no Rio para o lançamento de um modelo luxuoso, tipo público AAA+. Muitas modelos e globais, sorrisos e gente linda, mas não havia menção às duas empresas - nem sequer um rabichinho de logo aparecendo em uma das fotos, só para constar. Nada. Três páginas antes (quem me conhece sabe que eu adoro ler revista de trás para frente), estava lá em uma estréia teatral uma daquelas globais - e que, por sinal, ganhou o mimo dourado -, desta vez como pessoa física. E sabe o que essa estrela tinha na mão? Um celular da concorrência. Pior: um celular da concorrência que, apesar de ser um ótimo aparelho, foi lançado há quase um ano e até já saiu de linha. E que, se duvidar, ela comprou com o próprio dinheiro. Sei que isso que aconteceu não deve afetar mais que meia-dúzia de pessoas, com a culpa recaindo sobre a assessoria de imprensa. Mas comprova minha teoria de que já passou da hora das empresas pararem de presentear sempre as mesmas pessoas, com a idéia de que vão sair mais na mídia. Porque você tem que ter um atrativo a mais para conquistar o público, seja ele global ou não.